LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. pp 24-29.
Se mudo o mundo muda: ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo
Atualmente, ser
professor de uma língua estrangeira não requer mais apenas que o profissional
da área seja um “expert” da língua
alvo, mas que saiba, entre outras coisas, interagir e proporcionar ao(s) seu(s)
aluno(os) um ambiente propício e interessante de estudo. Nesse contexto, Leffa
(2009) aborda neste artigo, o uso do conceito do “Emergentismo” em sala de aula.
Para uma melhor
compreensão das informações do seu artigo, ele o dividiu em duas partes
centrais: a primeira caracterizada pela argumentação do que viria a ser um
sistema classificado como complexo e seus exemplos. Já na segunda parte,
caracteriza-se pela explicação do que vem a ser chamado “Emergentismo” e suas
características, tanto positivas quanto negativas.
Como o próprio Leffa
argumenta, antes de entrarmos no universo e/ou compreensão do termo
emergentismo, alguns pontos devem ser assinalados no que tange à compreensão de
um sistema classificado com complexo. Após citar como exemplos a interferência
que o clima pode ter em nossas vidas, tais como as variações do trânsito de uma
cidade, Leffa nos leva ao contexto escolar, informando que a sala de aula vem a
ser “um sistema aberto, vulnerável às influências externas” (LEFFA, 2009, p.3).
Deste modo, analisando
a prática do ensino de uma segunda língua como um sistema complexo, o trabalho
do professor vem a ser interferido pelo ambiente externo ao da sala de aula,
além das interações já existentes, tais como o das pessoas (professor/aluno) e
as normas de conduta.
Parafraseando Leffa,
podemos inferir que o sistema complexo tomaria como base uma ideologia que os
fatos (um dia chuvoso, problemas pessoais, mau humor, etc.) possuem o poder de
interferir no rendimento dentro da sala de aula, caracterizando-a como um
sistema dito aberto, ou seja, vulnerável às influências externas ao contexto
escolar.
Após toda uma abordagem
referente ao sistema complexo e às influências externas que o aluno possa vir a
se deparar ao estudar uma língua estrangeira, o autor nos apresenta o que viria
a ser o emergentismo e as suas
funções.
De acordo com o autor,
o ambiente da sala de aula, juntamente com o aluno, são sensíveis ao ambiente
que o cerca, caracterizando um ambiente aberto, como dito anteriormente.
Pensando nisso, o desenvolvimento do sistema dito aberto “emergente” venha a
defender a idéia de que o ensino de línguas deve “estar aberto à história, que
não para de evoluir, exige mudanças na maneira de trabalhar do professor” (LEFFA,
2009, p. 4).
Com esta nova proposta,
pontos positivos e negativos são observados. Os positivos estariam relacionados
ao despertar do interesse do aluno pelos conteúdos abordados em sala de aula,
tais como através de “algum ponto sensível do aluno, talvez em alguma música
que faça sua cabeça, o desejo de conhecer outros mundos” (p. 4).
Entretanto, ao aplicar
esta nova abordagem, não somente o aluno deve estar aberto às novas abordagens,
como também o professor. Como é descrito pelo autor:
A competência mínima de um
professor de L2 atualmente precisa ir muito além da capacidade de responder as
perguntas feitas pelo livro didático. É preciso considerar o impacto do
computador, da internet e de seus derivados (LEFFA, 2009, p.3)
Assim, as abordagens
feitas pelo autor neste artigo vêm a se encaixar perfeitamente com o contexto
que nós, futuros professores de língua inglesa, iremos nos deparar no contexto
escolar, sendo esta, uma leitura essencial para tornar as nossas futuras aulas
de língua estrangeira tão importante e ao mesmo tempo interessantes quanto as
demais.
Resenha - Angiuli Aguiar
LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. pp 24-29.
Se mudo o mundo muda: ensino de línguas
sob a perspectiva do emergentismo
Por sistema complexo,
Leffa define um sistema formado de partes inter-relacionais e que evolui em um
período de tempo específico, possuindo um começo e um fim; a interação entre
professor e alunos (e até a língua em si) pode ser, portanto, tida como um
sistema complexo e dinâmico, em oposição a um sistema simples e estático, como
foi pensada por muito tempo, onde o ensino gramatical não possuía correlação
com nada fora da matéria ensinada. Essa noção é essencial para se pensar como
se pode melhorar a aquisição dos alunos do conteúdo ensinado em sala de aula e
fora dela. Porém, como o autor denota, um sistema é composto também de outros
sistemas, assim, o professor deve levar em consideração os mais diversos
fatores que interagem dentro da sala (a matéria, o psicológico próprio e dos
alunos, fatos externos; etc)
Vemos, portanto, que
esse sistema não apenas é complexo, com diversas conexões exteriores e
interiores, e é, portanto, o que torna imprevisível o resultado da ação do
professor, mas também é aberto a influências, e é nessa abertura que o trabalho
do professor se efetua: conectando-se e interagindo com algum elemento dentro
deste sistema, o professor pode modificá-lo e influenciar o aprendizado do
aluno. Muitos professores já inconscientemente utilizam desse método, buscando
relacionar o aluno com a língua estrangeira através do uso em sala de aula de
músicas, filmes, notícias, etc.
Outra importante
característica dos sistemas complexos é que são finitos, ele surgem em um
determinado tempo e lugar, modificam-se e eventualmente desaparecem. O contexto
do ensino em sala de aula não é diferente, onde o sistema existe dentro do
período do ano letivo, e devido a isso o professor pode trabalhar nas condições
iniciais que farão o sistema eclodir, passar de estático a dinâmico.
Observamos, então, nos
pressupostos de Leffa, uma perspectiva muito mais abrangente e detalhada do
funcionamento da aquisição de uma língua estrangeira e, apesar de não ser
efetivamente apresentada uma maneira concreta de se fazer uso consciente em
sala de aula desta noção de ensino dentro de um sistema complexo, o texto é
solidamente construído e é uma excelente base para se repensar o contexto de
ensino e aprendizagem nas escolas.
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