terça-feira, 24 de abril de 2012

Resenhas - Ívens Matozo/ Angiuli Aguiar

Resenha - Ívens Matozo

LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. pp 24-29.

Se mudo o mundo muda: ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo

Atualmente, ser professor de uma língua estrangeira não requer mais apenas que o profissional da área seja um “expert” da língua alvo, mas que saiba, entre outras coisas, interagir e proporcionar ao(s) seu(s) aluno(os) um ambiente propício e interessante de estudo. Nesse contexto, Leffa (2009) aborda neste artigo, o uso do conceito do “Emergentismo” em sala de aula. 
Para uma melhor compreensão das informações do seu artigo, ele o dividiu em duas partes centrais: a primeira caracterizada pela argumentação do que viria a ser um sistema classificado como complexo e seus exemplos. Já na segunda parte, caracteriza-se pela explicação do que vem a ser chamado “Emergentismo” e suas características, tanto positivas quanto negativas. 
Como o próprio Leffa argumenta, antes de entrarmos no universo e/ou compreensão do termo emergentismo, alguns pontos devem ser assinalados no que tange à compreensão de um sistema classificado com complexo. Após citar como exemplos a interferência que o clima pode ter em nossas vidas, tais como as variações do trânsito de uma cidade, Leffa nos leva ao contexto escolar, informando que a sala de aula vem a ser “um sistema aberto, vulnerável às influências externas” (LEFFA, 2009, p.3). 
Deste modo, analisando a prática do ensino de uma segunda língua como um sistema complexo, o trabalho do professor vem a ser interferido pelo ambiente externo ao da sala de aula, além das interações já existentes, tais como o das pessoas (professor/aluno) e as normas de conduta. 
Parafraseando Leffa, podemos inferir que o sistema complexo tomaria como base uma ideologia que os fatos (um dia chuvoso, problemas pessoais, mau humor, etc.) possuem o poder de interferir no rendimento dentro da sala de aula, caracterizando-a como um sistema dito aberto, ou seja, vulnerável às influências externas ao contexto escolar. 
Após toda uma abordagem referente ao sistema complexo e às influências externas que o aluno possa vir a se deparar ao estudar uma língua estrangeira, o autor nos apresenta o que viria a ser o emergentismo e as suas funções.
De acordo com o autor, o ambiente da sala de aula, juntamente com o aluno, são sensíveis ao ambiente que o cerca, caracterizando um ambiente aberto, como dito anteriormente. Pensando nisso, o desenvolvimento do sistema dito aberto “emergente” venha a defender a idéia de que o ensino de línguas deve “estar aberto à história, que não para de evoluir, exige mudanças na maneira de trabalhar do professor” (LEFFA, 2009, p. 4).
Com esta nova proposta, pontos positivos e negativos são observados. Os positivos estariam relacionados ao despertar do interesse do aluno pelos conteúdos abordados em sala de aula, tais como através de “algum ponto sensível do aluno, talvez em alguma música que faça sua cabeça, o desejo de conhecer outros mundos” (p. 4).
Entretanto, ao aplicar esta nova abordagem, não somente o aluno deve estar aberto às novas abordagens, como também o professor. Como é descrito pelo autor:

A competência mínima de um professor de L2 atualmente precisa ir muito além da capacidade de responder as perguntas feitas pelo livro didático. É preciso considerar o impacto do computador, da internet e de seus derivados (LEFFA, 2009, p.3)

Assim, as abordagens feitas pelo autor neste artigo vêm a se encaixar perfeitamente com o contexto que nós, futuros professores de língua inglesa, iremos nos deparar no contexto escolar, sendo esta, uma leitura essencial para tornar as nossas futuras aulas de língua estrangeira tão importante e ao mesmo tempo interessantes quanto as demais.


Resenha - Angiuli Aguiar

LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. pp 24-29.

Se mudo o mundo muda: ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo

            Vilson Leffa, em seu artigo “Se mudo o mundo muda: ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo”, trata de uma visão do ensino de língua estrangeira amplamente adotada por professores, porém, acredito, sem a perspectiva teórica por ele e por outros autores abordada: esta visão é a do ensino de línguas como um sistema complexo (ou sistema emergente) e como esta concepção pode auxiliar professores e alunos.
            Por sistema complexo, Leffa define um sistema formado de partes inter-relacionais e que evolui em um período de tempo específico, possuindo um começo e um fim; a interação entre professor e alunos (e até a língua em si) pode ser, portanto, tida como um sistema complexo e dinâmico, em oposição a um sistema simples e estático, como foi pensada por muito tempo, onde o ensino gramatical não possuía correlação com nada fora da matéria ensinada. Essa noção é essencial para se pensar como se pode melhorar a aquisição dos alunos do conteúdo ensinado em sala de aula e fora dela. Porém, como o autor denota, um sistema é composto também de outros sistemas, assim, o professor deve levar em consideração os mais diversos fatores que interagem dentro da sala (a matéria, o psicológico próprio e dos alunos, fatos externos; etc)
            Vemos, portanto, que esse sistema não apenas é complexo, com diversas conexões exteriores e interiores, e é, portanto, o que torna imprevisível o resultado da ação do professor, mas também é aberto a influências, e é nessa abertura que o trabalho do professor se efetua: conectando-se e interagindo com algum elemento dentro deste sistema, o professor pode modificá-lo e influenciar o aprendizado do aluno. Muitos professores já inconscientemente utilizam desse método, buscando relacionar o aluno com a língua estrangeira através do uso em sala de aula de músicas, filmes, notícias, etc.
            Outra importante característica dos sistemas complexos é que são finitos, ele surgem em um determinado tempo e lugar, modificam-se e eventualmente desaparecem. O contexto do ensino em sala de aula não é diferente, onde o sistema existe dentro do período do ano letivo, e devido a isso o professor pode trabalhar nas condições iniciais que farão o sistema eclodir, passar de estático a dinâmico.
          Observamos, então, nos pressupostos de Leffa, uma perspectiva muito mais abrangente e detalhada do funcionamento da aquisição de uma língua estrangeira e, apesar de não ser efetivamente apresentada uma maneira concreta de se fazer uso consciente em sala de aula desta noção de ensino dentro de um sistema complexo, o texto é solidamente construído e é uma excelente base para se repensar o contexto de ensino e aprendizagem nas escolas.

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