terça-feira, 24 de abril de 2012

Tarefa

LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. p. 24-29.
Resenha – Victor Gomes Milani

Se mudo o mundo muda: ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo.

Por Vilson J. Leffa
O texto escrito por Leffa apresenta aspectos de um texto crítico e teórico. Diz-se que as abordagens tradicionais não vêm funcionando no contexto sala de aula, uma vez que elas têm, sobre a aprendizagem de uma língua estrangeira, o olhar de um sistema fechado. Segundo o autor, sistemas fechados são aqueles incapazes de evoluir, ou seja, de absorver novas informações, podem ser muito bem organizados, mas se bastam em si e não sofrem influências externas, isto é muito bem exemplificado por um relógio.
Leffa define a aprendizagem de uma língua estrangeira como um sistema complexo, amplo, aberto, interligado com outros sistemas complexos. Sistemas complexos são aqueles que estão em constante evolução, recebendo estímulos externos que se implantam dentro do sistema e responderão, florescerão, ramificar-se-ão fazendo desse sistema uma constante em mutação.
Ao longo do texto o autor exemplifica de maneira acessível o fenômeno dos sistemas complexos através de fenômenos complexos naturais e humanos, tais como, o clima e o trânsito. Leffa afirma que esses sistemas além de serem compostos por fatores diferentes que se entrelaçam atuando de uma maneira horizontal, estão também envolvidos em um sistema ainda mais complexo atuando de uma forma vertical. Há uma transcendência onde sistemas de camadas diferentes se envolvem.
Considerando a sala de aula, aberta e permeável pelo que acontece fora dela, o aluno é visto como um sistema complexo, a começar biologicamente, mas também psicologicamente e socialmente. Tal aluno se encontra em um meio complexo, composto por outros seres diferentes e complexos em si, todos obedecendo a uma ordem social pré-estabelecida em que o professor, outro ser complexo, ensina e alunos devem aprender; esse sistema complexo da sala de aula, por sua vez, pode ser afetado por outros sistemas complexos como o clima e o próprio trânsito, alterando a esfera psicológica dos seres nele envolvidos por exemplo.
O conceito de emergentismo, segundo Leffa, aparece como a necessidade de mudar o que está acontecendo nas salas de aula por duas razões: a primeira, já mencionada anteriormente, que diz que a aprendizagem de uma língua estrangeira é um sistema aberto; e a segunda que afirma que a língua vem sendo trabalhada de uma forma reducionista, forma esta que não está colaborando, pois considera a língua como um sistema fechado. Porém, sabemos que a língua e o social são indissociáveis. Isso se confirma em:
“Se vemos a língua, por exemplo, como a soma dos sistemas fonológico, morfológico, sintático, semântico, pragmático e mesmo discursivo, e se vemos a aprendizagem da língua como o domínio de cada um desses sistemas, podemos cair na ilusão de estar vendo a aprendizagem da língua como um sistema complexo, quando na verdade podemos estar diante de um sistema simples, apenas feito da soma de outros subsistemas, tudo reduzido a uma camada linguística estratificada, que não leva em conta as outras camadas, sem as quais a aprendizagem simplesmente não ocorre.”
Nós professores estamos diante de um sistema complexo, frágil e forte simultaneamente segundo Leffa, frágil uma vez que recebe influência do que está ao seu redor e forte se fortalece e cresce a partir daquilo que o invade. Nessa percepção, teremos a incerteza como uma companheira constante, condicionar os alunos não será mais algo aconselhável, ou seja, não haverá mais a obrigatoriedade de um aluno aprender tudo aquilo que o professor ensina. Nosso trabalho em frente a uma sala de aula não será previsível e generalizado, como o autor diz:
“Seria uma ingenuidade muito grande o professor presupor que determinada estratégia de ensino, que tenha produzido excelentes resultados numa determinada sala de aula, vá produzir os mesmos resultados numa outra turma de alunos.”
Cabe a nós o papel de professores-fecundadores à frente de um sistema complexo, implantando uma semente que não seguirá um desenvolvimento pré-estabelecido. Incitaremos a capacidade de nossos alunos ao entrar nesse sistema e estabelecer conexões entre o que é ensinado com algum elemento interno a esse ser complexo, construindo um sentido. Assim ocorrerá a mudança.

Um comentário:

  1. muito legal, vitor! :)
    caros amigos e professora, postei a resenha no meu blog (não sei a senha deste).

    http://2012alelessa.blogspot.com.br

    abraço,

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