domingo, 6 de maio de 2012

resenha 1- alessandra moraes


Resenha 1
Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo
Por Alessandra Moraes

LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. pp 24-29. 

O artigo “Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo” , escrito por Vilson J. Leffa , professor da Universidade Católica de Pelotas e pesquisador na área de linguística aplicada, busca refletir sobre o trabalho do professor na sala de aula em relação ao ensino de língua, para isso o autor traz  o conceito de sistemas complexos, o emergentismo e suas implicações no ensino de línguas.
Para o autor, historicamente o ensino de língua estrangeira tem sido visto como se fosse um sistema simples e estático e isso é um equivoco, pois, um sistema não é apenas feito de elementos que o compõem; um sistema é feito de outros sistemas afirma o autor. Entender que a língua  é apenas um conjunto de sistemas que não se relacionam entre si resulta na percepção de que a aprendizagem seria o domínio ou o conhecimento destes sistemas. E isso pode parecer se tratar de um sistema complexo, mas não é, pois, o que o caracteriza é a interação  entre os sistemas. Por exemplo, quando um professor de línguas apresenta aos alunos a conjugação de um verbo no presente em frases isoladas, ele trata do sistema morfológico e sintático (forma afirmativa,negativa e interrogativa) de forma isolada e o erro maior , ao meu ver , é desconsiderar os outros sistemas da língua e suas relações , tais como o contexto em que tal frase seria dita, qual a função dela , o sentido que ela provoca dependendo da entonação, e assim por diante ocasionando uma falha e talvez a não aprendizagem.
Portanto, a constante interação entre os elementos de um mesmo sistema e entre um sistema e outro é o que caracteriza um sistema complexo como algo mutável e dinâmico e podemos ver isso a partir da sala de aula que é um sistema com elementos que se relacionam entre si (professor,alunos, material didático) e ainda se relacionam com elementos de outros sistemas inclusive sendo influenciada por elementos externos (como notícias veiculadas pela mídia, acontecimentos na comunidade,etc.) tornando-a também um sistema aberto e toda essa interação é o que proporciona a aprendizagem.
A partir desta perspectiva de complexidade sob o ensino de língua estrangeira e a incapacidade do enfoque reducionista de explicar o porquê a aprendizagem é um fenômeno complexo é que surge o interesse pelos sistemas emergentes. Estes são por sua vez sistemas complexos que são criados a partir de condições iniciais para atingir um determinado objetivo e deixa de existir depois do objetivo ser alcançado. O professor deve considerar que para uma efetiva aprendizagem há vários elementos interagindo, ou seja, o professor não pode mais pensar o aluno como alguém que deve absorver tudo o que ele diz e que não receberá influências externas tais como as novas tecnologias, mas infelizmente essa é ainda a nossa realidade das escolas públicas brasileiras. E talvez por essa mesma razão e entre outros elementos ( a formação baseada na aprendizagem como sistema simples, a desvalorização do papel social , a desvalorização do profissional pelo estado, comodismo, etc.) é que o professor ainda pense que o que é ensinado deve ser aprendido ,sem considerar outros elementos pois o sistema complexo enquanto sistema aberto fica vulnerável à fatores que ele não pode controlar e não poderá prever o resultado da sua prática. Com isso o autor visa provocar uma reflexão por parte do professor na sua prática, precisa aprender a conviver com a incerteza, mas há um lado positivo nesta situação, pois, a aprendizagem enquanto sistema aberto dá a oportunidade de ser influenciada pelo professor que tem de estar atento aos elementos que deverá interagir , e criando condições inicias irá contribuir para a emergência de um novo sistema.
Leffa cita como exemplo o planejamento do plano de curso  ou o cronograma que geralmente é apresentado na primeira aula onde as condições iniciais possam ser definidas , mas acredito que se o professor não tem um plano elaborado , qualquer aula é uma boa oportunidade para começarmos a criar as condições iniciais. Toda essa discussão é válida para que seja alimentada a ideia de que no processo de ensino-apredizagem tudo está interligado e se a prática docente aos moldes tradicionais vem mostrando que professor e aluno estão cada vez mais distantes e a aprendizagem comprometida, está na hora de o professor rever os seus conceitos e tentar através de intervenções nos elementos certos provocar mudanças no ensino de línguas e na educação brasileira.

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