Resenha 2
Aspectos políticos da formação do
professor de línguas estrangeiras
Por Alessandra Moraes
LEFFA, V. J. Aspectos políticos da
formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEFFA, Vilson J. (Org.). O professor de línguas
estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p. 333-355.
No texto “Aspectos políticos da formação do professor de línguas
estrangeiras”, escrito por Vilson J. Leffa, o autor pretende discutir sobre a
formação do professor de línguas estrangeiras, partindo de questões políticas
que influenciam no perfil desejado de professor reflexivo, crítico e
comprometido com a educação. Tendo em vista que este lida com duas
características exclusivas do ser humano: a capacidade da fala e a capacidade
de evolução.
O autor esclarece que há diferenças entre treinamento e formação
de professores, sendo que o primeiro se dá pela necessidade de treinar em curto
prazo o professor para que utilize um determinado material didático, geralmente
ocorre em cursos de idiomas, então é oferecido um curso com início, meio e fim
sem se aprofundar em questões teóricas, no entanto a formação, ofertada por
instituições públicas ou privadas de ensino superior, é um processo contínuo que busca a reflexão e
o motivo por que uma ação é feita da maneira que é feita aprofundando-se em
questões teóricas. O professor que é treinado fará um novo curso para dar conta
do novo material que será utilizado, porém o professor formado deve estar em
constante atualização.
Ao fazer uma retrospectiva sobre a política, o autor coloca que
ela se deu com o surgimento da cidade devido à convivência entre os homens. No
início, ela era totalmente participativa e as pessoas interessadas se reuniam
para formular as regras que orientavam as normas de convivência a serem
seguidas e, com o tempo, o crescimento das cidades e a complexidade das
relações entre as pessoas surgia a representação, onde as pessoas escolhiam
alguém para defender seus direitos, tal como temos hoje a democracia. Concordo
com o autor quando ele coloca que com o avanço das tecnologias é possível que
voltemos à cidadania participativa, mas, acredito que isso está longe de
acontecer ,pois, os meios de comunicação estão sendo utilizados pela maioria
apenas para entretenimento e interesses individuais ao invés de buscar
conhecimento para conseguir participar efetivamente da política, tendo consciência dos problemas de
interesse coletivo e buscando soluções. Essa consciência por parte das pessoas
algumas vezes encontra como empecilho o tempo, ou melhor, a falta dele para exercer a política que
inclui a reflexão e ação.
A LDB( Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional) regulamenta questões sobre a formação dos
professores e segundo Leffa é bem aceita entre os pesquisadores, sem encontrar
críticas à legislação o que encontrou foram críticas à implementação da lei
pois o conceito de qualidade do ensino não está condizendo com os elogios à
lei. É nesse ponto em que os professores devem se mobilizar, pois através das
associações podem dar continuidade à sua formação uma vez que elas promovem a
interação entre seus associados pela troca de experiências em eventos e ainda
podem contribuir para projetos políticos na área da educação junto às
autoridades educacionais.
As questões da multinacionalidade podem também afetar a formação
do professor de línguas, como no caso do inglês que é uma língua multinacional,
pois como é falada mundialmente por mais falantes não-nativos do que nativos
tornou-se sem identidade, não está atrelada à uma única cultura. Isso, acredito
pode trazer o aspecto positivo de que possibilita o desenvolvimento da consciência crítica do aluno e a integração no
mundo. O professor deve ter consciência e destacar estes aspectos de língua
estrangeira multinacional, além dos aspectos não tão positivos seriam a
motivação instrumental e obrigatoriedade da aprendizagem pelo mercado de
trabalho. Pude perceber em meu estágio de observação que entre outros fatores
esses dois últimos aspectos citados contribuem para uma falha no processo
ensino-aprendizagem dos alunos de sexta série que observo, pois através de um questionário
constatei que eles ( na maioria)querem aprender inglês porque é “importante
para o futuro”, “ para conseguir um emprego” e serve para “viajar e conhecer vários
lugares”.
Para que o ensino de uma língua multinacional provoque uma
aprendizagem efetiva e o professor cumpra o seu perfil o autor argumenta que é preciso de um novo
paradigma de ensino de línguas, portanto
é necessário mudar as prioridades no ensino da língua estrangeira, tendo o
inglês como exemplo, ele sugere: ensinar a variedade local da língua
multinacional, ensinar a língua multinacional para produção e para objetivos
específicos. Conclui-se , portanto que a formação do professor é algo complexo
na qual envolve o domínio de diferentes áreas do conhecimento, aspectos
acadêmicos e políticos e não termina na graduação. Toda essa discussão
contribui muito para que os professores sempre em formação reflitam sobre o seu
papel formador na sociedade e não fuja do perfil desejado de ser reflexivo,
crítico e comprometido com a educação levando o conhecimento aliado ao pensamento
crítico para os alunos.
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