LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de
línguas estrangeiras. In: LEFFA, Vilson J. (org.). O professor de línguas
estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas: Educat, 2001.
RESENHA
Victor Milani
Leffa
traz em seu artigo aspectos da condição humana que o professor de língua
estrangeira deve considerar em seu processo de ensino. Uma vez que o homem
pensa e evolui, o processo de ensino também deve ser pensado e repensado várias
vezes para que haja uma evolução, como já sabemos isso deve fazer parte da
rotina de um professor de língua inglesa, pois os seus pensamentos podem
funcionar de uma maneira para uma determinada turma e para outra os resultados
serão completamente diferentes.
Tocaremos
nossos alunos em sua essência humana através de outra essência humana social: a
língua. Devemos atuar refletivamente e criticamente sendo assim comprometidos
com a educação.
O
professor deve ser uma profissional competente na língua e na sua metodologia
de ensino, sempre relembrando os fatores que porventura afetarão a sala de
aula, a língua que ensinamos e também o nosso próprio trabalho. Tais fatores
são políticos, econômicos e sociais, alguns internos à sala de aula e podemos
de alguma maneira controlá-los e outros externos à sala e fora de nosso
controle.
Devemos
manter em mente e não confundirmos os conceitos de formação e treinamento. O
professor despreocupado de fundamentação teórica é aquele profissional mecanizado
e reprodutor de técnicas, aí temos o professor treinado, observamos isso
diariamente na maioria das franquias de ensino de língua inglesa onde o
professor deve vencer com a turma um úmero X de lições por aula sem se
preocupar, na maioria das vezes com a individualidade daqueles seres complexos que
estão a nossa frente.
O
professor formado tem uma preparação complexa, pois funde o conhecimento que
recebe com a reflexão realizada através de observações feitas e comparando-as
com o seu conhecimento e experiência prévia de ensino. A formação é a
preparação para o futuro. O profissional formado estará sempre preocupado com
os porquês da maneira de ensinar. O professor treinado chegará a um ponde onde
pode ser considerado pronto, o professor formado, por sua vez, estará sempre se
renovando e refletindo sobre o ensino dentro de um mundo em constante mutação.
O conhecimento de hoje não é eterno, o professor formado estará sempre atualizado,
ao contrário do treinado que permanecerá estático. A importância da formação
continuada é bastante ressaltada por Leffa, pois a verdadeira formação é um
processo que durará anos a fio, a universidade dá aos estudantes de Letras um
pontapé inicial para desenvolver o interesse na procura de mecanismos para estarmos
sempre nos melhorando linguística e metodologicamente.
As
associações de professores entram com um papel fundamental do diálogo, ou seja,
da troca de experiências entre colegas da mesma área. Além disso, é da
responsabilidade das associações promover oportunidades para a educação
continuada, intervindo nas escolas, tornando o conhecimento gerado através de
pesquisas acessível aos professores e até mesmo lutando e buscando um espaço cada
vez maior de discussões e negociações com os órgãos governamentais.
A
questão da língua inglesa como uma língua global vem muito bem trabalhada e
listada no artigo, justificando a sua importância através de vários fatos
sociais atuais e recorrentes. Devemos estar atentos aos motivos que levarão
nossos alunos a escolher a língua inglesa como fonte de estudo, devido à
questão multinacional do inglês, muitos alunos estudarão apenas por questões
mais funcionais e trabalhistas do que questões de gostos pessoais.
A
indissociabilidade entre língua e cultura é desafiada por Leffa no instante em
que ele traz o inglês como uma língua que perdeu a sua identidade. Podemos nos
interessar por inglês sem estarmos interessadas em um país e uma cultura
específica, o que não aconteceria com pessoas interessadas em aprender japonês
por exemplo. O inglês hoje pode estar atrelado a várias culturas.
Como
professores pensantes, teremos que adaptar o inglês ao interesse de cada aluno.
Devemos pensar na variedade brasileira da língua inglesa e ensinarmos dentro do
contexto social brasileiro para funcionalidade que nossos alunos, de todas as
classes sociais possam achar útil e interessante, pois o inglês, uma língua
estrangeira estará fazendo parte da sua cultura dentro do seu contexto. A
ilusão do falante estrangeiro perfeito, com um modelo a aspirar, desejando um
sotaque perfeito cai por terra aqui no nosso pensamento crítico de professores
educadores formadores de opinião.
Nenhum comentário:
Postar um comentário