domingo, 6 de maio de 2012

Resenha


LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEFFA, Vilson J. (org.). O professor de línguas estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas: Educat, 2001.

RESENHA

Victor Milani

Leffa traz em seu artigo aspectos da condição humana que o professor de língua estrangeira deve considerar em seu processo de ensino. Uma vez que o homem pensa e evolui, o processo de ensino também deve ser pensado e repensado várias vezes para que haja uma evolução, como já sabemos isso deve fazer parte da rotina de um professor de língua inglesa, pois os seus pensamentos podem funcionar de uma maneira para uma determinada turma e para outra os resultados serão completamente diferentes.
Tocaremos nossos alunos em sua essência humana através de outra essência humana social: a língua. Devemos atuar refletivamente e criticamente sendo assim comprometidos com a educação.
O professor deve ser uma profissional competente na língua e na sua metodologia de ensino, sempre relembrando os fatores que porventura afetarão a sala de aula, a língua que ensinamos e também o nosso próprio trabalho. Tais fatores são políticos, econômicos e sociais, alguns internos à sala de aula e podemos de alguma maneira controlá-los e outros externos à sala e fora de nosso controle.
Devemos manter em mente e não confundirmos os conceitos de formação e treinamento. O professor despreocupado de fundamentação teórica é aquele profissional mecanizado e reprodutor de técnicas, aí temos o professor treinado, observamos isso diariamente na maioria das franquias de ensino de língua inglesa onde o professor deve vencer com a turma um úmero X de lições por aula sem se preocupar, na maioria das vezes com a individualidade daqueles seres complexos que estão a nossa frente.
O professor formado tem uma preparação complexa, pois funde o conhecimento que recebe com a reflexão realizada através de observações feitas e comparando-as com o seu conhecimento e experiência prévia de ensino. A formação é a preparação para o futuro. O profissional formado estará sempre preocupado com os porquês da maneira de ensinar. O professor treinado chegará a um ponde onde pode ser considerado pronto, o professor formado, por sua vez, estará sempre se renovando e refletindo sobre o ensino dentro de um mundo em constante mutação. O conhecimento de hoje não é eterno, o professor formado estará sempre atualizado, ao contrário do treinado que permanecerá estático. A importância da formação continuada é bastante ressaltada por Leffa, pois a verdadeira formação é um processo que durará anos a fio, a universidade dá aos estudantes de Letras um pontapé inicial para desenvolver o interesse na procura de mecanismos para estarmos sempre nos melhorando linguística e metodologicamente.
As associações de professores entram com um papel fundamental do diálogo, ou seja, da troca de experiências entre colegas da mesma área. Além disso, é da responsabilidade das associações promover oportunidades para a educação continuada, intervindo nas escolas, tornando o conhecimento gerado através de pesquisas acessível aos professores e até mesmo lutando e buscando um espaço cada vez maior de discussões e negociações com os órgãos governamentais.
A questão da língua inglesa como uma língua global vem muito bem trabalhada e listada no artigo, justificando a sua importância através de vários fatos sociais atuais e recorrentes. Devemos estar atentos aos motivos que levarão nossos alunos a escolher a língua inglesa como fonte de estudo, devido à questão multinacional do inglês, muitos alunos estudarão apenas por questões mais funcionais e trabalhistas do que questões de gostos pessoais.
A indissociabilidade entre língua e cultura é desafiada por Leffa no instante em que ele traz o inglês como uma língua que perdeu a sua identidade. Podemos nos interessar por inglês sem estarmos interessadas em um país e uma cultura específica, o que não aconteceria com pessoas interessadas em aprender japonês por exemplo. O inglês hoje pode estar atrelado a várias culturas.
Como professores pensantes, teremos que adaptar o inglês ao interesse de cada aluno. Devemos pensar na variedade brasileira da língua inglesa e ensinarmos dentro do contexto social brasileiro para funcionalidade que nossos alunos, de todas as classes sociais possam achar útil e interessante, pois o inglês, uma língua estrangeira estará fazendo parte da sua cultura dentro do seu contexto. A ilusão do falante estrangeiro perfeito, com um modelo a aspirar, desejando um sotaque perfeito cai por terra aqui no nosso pensamento crítico de professores educadores formadores de opinião. 

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