terça-feira, 24 de abril de 2012

Resenha- Bárbara Binotto


LEFFA, Vilson J. Se mudo o mundo muda: o ensino de línguas sob a perspectiva do emergentismo. In: Calidoscópio. Unisinos, 2009. p. 24-29.


Segundo o autor, Vilson J. Leffa, o objetivo do texto é mostrar que a percepção do ensino de línguas como um sistema complexo pode facilitar o trabalho do professor na sala de aula, o que realmente é apresentado e exemplificado ao longo do texto relacionando ainda a perspectiva emergentista que contribui muito para tal.
A ideia dos sistemas emergentes tem despertado muito interesse na área de aquisição de LI, apesar de ser uma perspectiva relativamente recente. E além de privilegiar as perspectivas das áreas de Psicolinguística e aquisição, o texto também remete ao trabalho do professor em sala de aula.
Introduzindo agora, o significado do termo "Emergentismo", o autor o define como uma tentativa de explicar de que maneira um sistema complexo se desenvolve. Por consequência, para entender o que é emergentismo, é preciso entender o conceito de sistema complexo.  E  sobre os sistemas complexos o autor dá seu conceito: que são sistemas abertos tanto a condições externas que acompanham durante sua evolução quanto às condições iniciais que os fizeram emergir. Alguns exemplos “fora do contexto educacional” de sistemas complexos são: o clima, o trânsito de uma cidade e, a aprendizagem de uma língua estrangeira ou da própria  aprendizagem onde o aluno pode ser visto como um sistema aberto é vulnerável as condições internas aonde atua o professor. Por serem sistemas compostos de partes que interagem entre si e que evoluem num determinado período de tempo, pode se dizer que são sistemas complexos e dinâmicos. O ensino de língua estrangeira pode ser visto como um sistema complexo já a partir da sala de aula, pois envolve pessoas interagindo entre si através de objetos culturais consagrados pela tradição escolar, com divisão de responsabilidades e com normas de conduta.  
Já na abordagem da sala de aula, esta não pode ser vista como um sistema fechado e impermeável ao que acontece do lado de fora, ao contrário, é um sistema aberto e vulnerável as influências do mundo externo (a que tanto tenta evitar) pela própria tradição de ter aulas em uma “sala de aula” eu diria, já que poderiam ser explorados outros lugares para lecionar, como “aulas no pátio”, por exemplo. Além do mais, as notícias e o próprio cotidiano precisam estar ligados ao contexto sala de aula ou escolar, é impossível não interagir com este. Como o autor cita: “tudo está relacionado”. Assim o sistema deixa de ser estático e passa a ser dinâmico, pois a sala de aula também se transforma sucessivamente a partir de cada aula, são essas relações interligadas que tornam a aprendizagem possível.
 
Emergentismo: o efeito cascata O autor também traz  em seu texto a dificuldade que previamente já se havia de explicar a aprendizagem de L2 dentro de um contexto em que a aprendizagem resumia-se ao uso da lousa/quadro negro e do livro didático, coisa que hoje é multiplicada devido aos inúmeros artefatos digitais ou não que se tem à disposição. E é esse ensino de línguas sob a perspectiva da complexidade que traz novas exigências ao professor, mas também outras possibilidades de ensino.
Após trazer diversos exemplos sobre os sistemas no ensino de língua, a potencialidade de certas abordagens e divagações sobre as condições para tal, o autor finaliza seu texto afirmando que é exatamente a possibilidade de mudança (pelos elementos externos) que desperta no professor o interesse pelos sistemas complexos e o esforço para fazer com que estes funcionem.


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