terça-feira, 1 de maio de 2012



Aspectos políticos da formação do professor de línguas.
Por Xênia Amaral Matos
LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas  estrangeiras. In: LEFFA, Vilson J.     (Org.). O professor de línguas estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p. 333-355.



Para que um professor de língua estrangeira possa exercer o ato de ensinar, ele terá de passar por algum meio de preparação que o levará até esse estágio.  Vilson  J. Leffa em seu artigo Aspectos políticos da formação do professor de línguas propõe uma discussão sobre os aspectos políticos e acadêmicos da formação desse profissional.

De acordo com o autor, a preparação de um professor de língua estrangeira envolve não somente a ênfase na língua, mas também o ensino de diferentes áreas de conhecimento e de praticas pedagógicas do ensino de língua estrangeira. Sendo assim, Leffa apresenta para se preparar esse profissional existem dois meios “acadêmicos” possíveis: a formação e o treinamento.

O treinamento é definido como o ensino de técnicas, estratégias e afins que o futuro profissional deve dominar e reproduzir mecanicamente despreocupando-se com um embasamento teórico. No treinamento, visa-se o agora e se enfatiza a prática, formando desse modo, um processo linear e sem retorno. Já a formação é um processo contínuo que envolve uma preparação mais complexa e profunda do professor, uma vez que requer a reflexão do ensinar e do motivo de se ensinar um devido conhecimento. Em outras palavras, diferentemente do treinamento, a formação é um processo cíclico e contínuo no qual se tem o uso da teoria, da prática e da reflexão visando futuros resultados, implicando uma constante atualização. Deste modo, a formação não acaba com o fim da graduação ela continua durante toda a carreira do profissional.

Leffa pontua que por não vivermos isoladamente necessitamos de regras que organizem a nossa vivência dentro da sociedade. Assim sendo, os cursos superiores com ênfase no ensino de línguas também é regulamentado por uma lei, a LDB, independentemente se eles formam professores ou simplesmente treinam. A LDB em si é bem vista pelos pesquisadores e estudiosos da área da educação. Embora, o nosso sistema educacional superior parece não corresponder ao que ela prevê; pois ele parece muito mais atender a uma demanda de profissionais ao invés de formar professores bem preparados para o mercado de trabalho.  Todavia modificar a lei não é a solução para o problema. A solução, é sim criar, um meio propício para que essa lei seja efetivamente cumprida, onde compreender-se-á que a formação nunca termina, mas que o seu início e que a sua base estão na graduação.

Uma ferramenta para a contínua formação do professor são as associações de professores. Essas associações contribuem desempenham podem dois papéis na formação de professores sendo um interno e o outro externo. Internamente, elas promovem o contato entre os participantes possibilitando a troca de experiências, materiais e idéias e, externamente,  elas contribuem para a defesa dos interesses dos seus participantes.  A partir da argumentação construída pelo autor, podem ser distinguidos dois tipos de associações as políticas (defesa dos interesses perante o governo) e as acadêmicas (mais relacionada à publicações e trocas de conhecimento).

Leffa também discute sobre a multinacionalidade da língua inglesa.  Segundo o autor, línguas multinacionais são aquelas utilizadas em mais de um país, o que implica deferentes manifestações e diferentes culturas expressas por meio dessa.  Por exemplo, o inglês é uma língua multinacional, sendo assim, cada lugar em que ela é usada diferentes culturas são expostas e colocadas na língua, por isso é admissível falar em diferentes tipos de inglês (inglês britânico, americano, sul-africano, etc.).  Logo, conhecer essa característica lingüística é essencial para o professor de língua estrangeira, pois por ela ser multinacional, obviamente, não possui uma única nação falante, possibilitando que essa se adapte às necessidades do lugar que está aprendendo-a. Essa facilidade de adaptação das línguas multinacionais faz com que ela possam ser abordadas de diferentes maneiras incluindo a formas instrumental de  ensino , ensino da língua para objetivos específicos (inglês para médicos, engenheiros, controladores de vôo...) e também o ensino que foca as quatro habilidades.

Por fim Leffa conclui que a formação de professores de LEM envolve tanto aspectos acadêmicos e políticos; e que em seu artigo ele objetivou falar sobre esses aspectos conectando-os com os preceitos da LDB e com as implicações provindas das particularidades do inglês

Esse artigo aborda de forma satisfatória um tema qual todos os alunos de graduação de Letras-Inglês enfrentam: a problemática formação do professor de LI, pois ele desperta o aluno-leitor a (re) pensar sobre que tipo de processo (treinamento/formação) está sendo aplicado nele e o que isso vai ocasionar na sua carreira. Essa reflexão, também pode levá-lo a perceber que, em muitos casos, ele está sendo formado para atender uma necessidade de mercado, ao invés de estar sendo formado para ser um profissional crítico e visionário. Em suma, a sua leitura é extremamente recomendável, uma vez que a partir dela o aluno pode refletir sobre sua situação e buscar meios de modificá-la em caso de descontentamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário