quarta-feira, 2 de maio de 2012

Resenha 2 - Angiuli Aguiar


LEFFA, V. J. “Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras”. In: LEFFA, Vilson J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p. 333-355.

Aspectos Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras

            Vilson Leffa discorre em seu artigo “Aspectos Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras” a respeito de um dos aspectos do ensino de línguas estrangeiras que, segundo ele, é freqüentemente esquecido ou simplesmente ignorado: a questão política que permeia essa atividade e também a formação de seus profissionais.
            Primeiramente Leffa preocupa-se em diferenciar o que ele define por “treinamento” e “formação”. O primeiro, nas suas palavras, é “o ensino de técnicas e estratégias de ensino que o professor deve dominar e reproduzir mecanicamente, sem qualquer preocupação com sua fundamentação teórica” (p. 2), já o segundo é uma “preparação mais complexa do professor, envolvendo a fusão do conhecimento recebido com o conhecimento experimental e uma reflexão sobre esses dois tipos de conhecimento” (p. 2). Treinamento diz respeito a uma prática imediata de um conhecimento delimitado, já a formação é mais apropriada para, dentre outras áreas de conhecimento, o ensino de línguas estrangeiras, já que estas são orgânicas e tanto elas quantos os alunos alvos, modificam-se com o tempo.
            Na segunda parte de seu artigo, Leffa, sedimentando a importância dada à formação, escreve a respeito dos aspectos legislatórios do ensino, principalmente da LDB, utilizando experiências pessoais de contato com outros professores para confirmar o valor das leis referentes à educação no Brasil; ele ainda ressalta que muitas vezes essas leis parecem fora do alcance de serem efetivamente implementas, o que o autor defende como positivo, sendo que nos impele a alcançá-las, melhorando assim a qualidade de ensino, mas acredito que, assim como seu conceito de formação, a constituição dessas leis devem ser orgânicas e cíclicas: a lei se baseando nas experiências concretas dos profissionais da educação e as instituições governamentais esforçando-se para que as escolas tenham condições de se adequarem às leis.
            O terceiro principal ponto abordado por Leffa é o das implicações do ensino de uma língua multinacional, mais especificamente, da língua inglesa. O autor defende que, ao contrário de qualquer outra língua estrangeira nacional, onde a língua existe como parte da cultura, no ensino de uma língua multinacional não existe esse fator; o foco de quem estuda esse tipo de língua é, geralmente, por motivos instrumentais, por pressão do mercado de trabalho (e não pela cultura do país de origem da língua, que Leffa defende ser já desvinculada desta última, o que considero uma visão apressada e limitada) por isso ele destaca três modos de ensino da língua multinacional: ensino da variedade local da língua multinacional (o inglês falado por brasileiros, por exemplo); ensino da língua multinacional para produção (disseminação de informação através da língua mais difundida); ensino da língua multinacional para objetivos específicos (aqui seria incluído o aspecto cultural da língua, se desejado).
            Em resumo, Vilson Leffa procura chamar atenção às implicações da política global e local na língua estrangeira e no seu ensino, como os professores devem absorver essas variáveis e estarem aptos a melhor ensinar criticamente.

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