LEFFA,
V. J. “Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras”.
In: LEFFA, Vilson J. (Org.). O professor
de línguas estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p.
333-355.
Aspectos Políticos da Formação do
Professor de Línguas Estrangeiras
Vilson Leffa discorre em seu artigo
“Aspectos Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras” a
respeito de um dos aspectos do ensino de línguas estrangeiras que, segundo ele,
é freqüentemente esquecido ou simplesmente ignorado: a questão política que
permeia essa atividade e também a formação de seus profissionais.
Primeiramente Leffa preocupa-se em
diferenciar o que ele define por “treinamento” e “formação”. O primeiro, nas
suas palavras, é “o ensino de técnicas e estratégias de ensino que o professor
deve dominar e reproduzir mecanicamente, sem qualquer preocupação com sua
fundamentação teórica” (p. 2), já o segundo é uma “preparação mais complexa do
professor, envolvendo a fusão do conhecimento recebido com o conhecimento
experimental e uma reflexão sobre esses dois tipos de conhecimento” (p. 2).
Treinamento diz respeito a uma prática imediata de um conhecimento delimitado,
já a formação é mais apropriada para, dentre outras áreas de conhecimento, o
ensino de línguas estrangeiras, já que estas são orgânicas e tanto elas quantos
os alunos alvos, modificam-se com o tempo.
Na segunda parte de seu artigo,
Leffa, sedimentando a importância dada à formação, escreve a respeito dos
aspectos legislatórios do ensino, principalmente da LDB, utilizando
experiências pessoais de contato com outros professores para confirmar o valor
das leis referentes à educação no Brasil; ele ainda ressalta que muitas vezes
essas leis parecem fora do alcance de serem efetivamente implementas, o que o
autor defende como positivo, sendo que nos impele a alcançá-las, melhorando
assim a qualidade de ensino, mas acredito que, assim como seu conceito de
formação, a constituição dessas leis devem ser orgânicas e cíclicas: a lei se
baseando nas experiências concretas dos profissionais da educação e as
instituições governamentais esforçando-se para que as escolas tenham condições
de se adequarem às leis.
O terceiro principal ponto abordado
por Leffa é o das implicações do ensino de uma língua multinacional, mais
especificamente, da língua inglesa. O autor defende que, ao contrário de
qualquer outra língua estrangeira nacional, onde a língua existe como parte da
cultura, no ensino de uma língua multinacional não existe esse fator; o foco de
quem estuda esse tipo de língua é, geralmente, por motivos instrumentais, por
pressão do mercado de trabalho (e não pela cultura do país de origem da língua,
que Leffa defende ser já desvinculada desta última, o que considero uma visão apressada
e limitada) por isso ele destaca três modos de ensino da língua multinacional: ensino
da variedade local da língua multinacional (o inglês falado por brasileiros,
por exemplo); ensino da língua multinacional para produção (disseminação de
informação através da língua mais difundida); ensino da língua multinacional
para objetivos específicos (aqui seria incluído o aspecto cultural da língua,
se desejado).
Em resumo, Vilson Leffa procura
chamar atenção às implicações da política global e local na língua estrangeira
e no seu ensino, como os professores devem absorver essas variáveis e estarem
aptos a melhor ensinar criticamente.
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