quinta-feira, 3 de maio de 2012

Resenha 2 - Laura Bagnara


LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEFFA, V. J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras: constituindo a profissão. Pelotas, 2001. v. I. pp. 333-355.
Por Laura Bagnara

As discussões sobre formação de professores de língua estrangeira em nível superior centram-se, quase sempre, em torno da necessidade de se adequar o perfil desse profissional às reais necessidades da escola onde provavelmente irá atuar; da grande dificuldade de esse aluno-professor relacionar a teoria aprendida à sua prática; bem como sobre os questionamentos quanto à forma acelerada como acontecem as transformações educacionais. Cria-se, então, a necessidade de um melhor preparo para tantas mudanças, de modo que esse futuro profissional consiga integrar-se à comunidade contemporânea, adaptando-se a cada realidade educacional.  Nesse sentido há grande necessidade de se redefinir os objetivos da formação inicial do professor de línguas, o qual se vê diante das mais diversas teorias, metodologias e abordagens de ensino. Tais teorias de ensino os levam muitas vezes a pensar que o conhecimento e o domínio delas proporcionariam o sucesso de seu trabalho. Mas, é durante a trajetória de trabalho com o ensino de uma língua estrangeira, que o profissional vai perceber que, de método em método, os problemas persistem e, ainda, grande parte de seus alunos, muitas vezes, não consegue estabelecer um vínculo e nem filiar-se a língua alvo. Daí a necessidade de os cursos de formação de professores conduzirem esses profissionais a se atentarem para aspectos não cognitivos (identidade, representação social, subjetividade, dentre outros), igualmente importantes no processo de formação de professores de língua estrangeira.  Muitas pesquisas levantam as questões políticas que devem ser trazidas à tona durante os cursos de formação de professores. É o caso de Leffa (2001) em Aspectos Políticos da formação de professores de língua estrangeira.
Leffa (2001) pensa além dos aspectos acadêmicos e linguísticos que envolvem o processo de formação de professores. Nesse artigo o autor enfoca alguns aspectos políticos da formação de um professor, considerando implicações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o papel das universidades e das associações de professores e as implicações que podem advir do ensino de uma língua multinacional como a língua inglesa, propondo, então, um ensino não pautado apenas na recepção, mas na produção linguística.
Parte-se da ideia de que o papel que os professores precisam estar preparados para exercer é bem mais complexo e exige competências que precisam ser adquiridas com a experiência da docência, dar continuidade a esta formação, buscando completar-se como ser humano e profissional é mais que necessário. Como afirma Leffa (2001, p. 341), a formação de um profissional “reflexivo, crítico, confiável e capaz de demonstrar competência e segurança no que faz é um trabalho de muitos anos, que apenas inicia quando o aluno sai da universidade.”. Nesse sentindo, visando à prática crítico reflexiva para o ensino de línguas, o perfil do profissional de línguas estrangeiras é então constituído pelas competências características deste profissional, por sua capacidade reflexiva, pelas relações sociais em suas organizações de trabalho, por seu contexto de aprendizagem e de ensino, e por suas experiências. Assim, de acordo com Leffa (2001), diversos fatores influenciam o perfil do professor de língua estrangeira tais como: o trabalho das associações, os projetos das Secretarias de Educação, os programas de incentivo à capacitação, leis e diretrizes.
Conforme enuncia Leffa (2001), o professor em pré-serviço de LE deve se formar a partir de um perfil que seja reflexivo, crítico e comprometido com a Educação:

“A formação de um professor de línguas estrangeiras envolve o domínio de diferentes áreas de conhecimento, incluindo o domínio da língua que ensina, e o domínio da ação pedagógica necessária para fazer a aprendizagem da língua acontecer na sala de aula. A formação de um profissional competente nessas duas áreas de conhecimento, língua e metodologia, na medida em que envolve a definição do perfil desejado pela sociedade, é mais uma questão política do que acadêmica.” (LEFFA, 2001, p. 334).

O que se pode observar, a partir dos pressupostos do pesquisador, é uma distinção do trabalho realizado por um professor reflexivo, crítico e comprometido com a educação, em relação a um professor que estivesse treinado para conduzir atividades e não para construir conhecimentos, e como resultado a esta construção, produzir novos significados. Ainda, neste mesmo prisma, Leffa (2001) acrescenta que as associações de professores de LE, além de promover ações conjuntas entre os associados, podem também agir junto às autoridades educacionais e governamentais, possibilitando certos subsídios para determinados projetos políticos na área da Educação.
Em relação ao ensino de língua inglesa, especificamente, de acordo com Leffa uma das questões mais importantes que vem sendo bastante destacada é a multinacionalidade desta língua, que a torna ainda mais importante na atualidade. Leffa (2001, p. 343) destaca que o inglês, além de ser a língua mais estudada do mundo é também usada em mais de 70% de publicações científicas, é a língua das organizações internacionais e não tem fronteiras geográficas. Além de ser a língua oficial de 62 paises, é a língua estrangeira mais falada do mundo, havendo dois falantes não nativos que a usam para comunicação para cada falante nativo. Nessa realidade é urgente um novo paradigma de ensino de língua estrangeira, capaz de abranger essa natureza multinacional. Para que esse paradigma seja possível algumas prioridades devem tomar ação, dentre essas prioridades Leffa destaca três: 1- ensinar a variedade local da língua multinacional; 2- ensiná-la para produção; 3- ensiná-la para objetivos específicos, ou seja, enfatizando suas funções. 
Leffa conclui esse artigo assentando que todos – professores alunos e a escola – transmitimos valores políticos, por isso os professores em formação “precisam aprender que o desenvolvimento – individual, da comunidade e do país – depende da habilidade em conduzir negociações nas novas relações de poder que se estabelecem com o uso da língua estrangeira.” (LEFFA, 2001, p. 354)
Dessa maneira, mesmo que esse artigo já esteja “vencido” na visão da pesquisa por datar de 2001 e estar a quase 12 anos de distancia da realidade cientifica de formação de professores de hoje, muito ele é relevante por contribuir para o desenvolvimento da visão e compreensão de que o acontecimento  da formação de professores de língua inglesa deva ser um momento de criação e não de mera reprodução de conhecimentos/teorias, e, inclusive, um espaço que possibilite a construção de visão de mundo e de significados sobre o valor de ser professor de inglês.

Um comentário:

  1. olá! a minha resenha está no meu blog: http://2012alelessa.blogspot.com.br

    um abraço para todos,
    alessandra lessa

    ResponderExcluir