LEFFA, V. J. Aspectos políticos da
formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEFFA, V. J. (Org.). O
professor de línguas estrangeiras: constituindo a profissão. Pelotas, 2001. v.
I. pp. 333-355.
Por
Laura Bagnara
As discussões sobre
formação de professores de língua estrangeira em nível superior centram-se,
quase sempre, em torno da necessidade de se adequar o perfil desse profissional
às reais necessidades da escola onde provavelmente irá atuar; da grande dificuldade
de esse aluno-professor relacionar a teoria aprendida à sua prática; bem como
sobre os questionamentos quanto à forma acelerada como acontecem as
transformações educacionais. Cria-se, então, a necessidade de um melhor preparo
para tantas mudanças, de modo que esse futuro profissional consiga integrar-se
à comunidade contemporânea, adaptando-se a cada realidade educacional. Nesse sentido há grande necessidade de se
redefinir os objetivos da formação inicial do professor de línguas, o qual se
vê diante das mais diversas teorias, metodologias e abordagens de ensino. Tais
teorias de ensino os levam muitas vezes a pensar que o conhecimento e o domínio
delas proporcionariam o sucesso de seu trabalho. Mas, é durante a trajetória de
trabalho com o ensino de uma língua estrangeira, que o profissional vai
perceber que, de método em método, os problemas persistem e, ainda, grande
parte de seus alunos, muitas vezes, não consegue estabelecer um vínculo e nem
filiar-se a língua alvo. Daí a necessidade de os cursos de formação de
professores conduzirem esses profissionais a se atentarem para aspectos não
cognitivos (identidade, representação social, subjetividade, dentre outros),
igualmente importantes no processo de formação de professores de língua
estrangeira. Muitas pesquisas levantam
as questões políticas que devem ser trazidas à tona durante os cursos de
formação de professores. É o caso de Leffa (2001) em Aspectos Políticos da formação de professores de língua estrangeira.
Leffa (2001) pensa além
dos aspectos acadêmicos e linguísticos que envolvem o processo de formação de
professores. Nesse artigo o autor enfoca alguns aspectos políticos da formação
de um professor, considerando implicações da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, o papel das universidades e das associações de professores e
as implicações que podem advir do ensino de uma língua multinacional como a
língua inglesa, propondo, então, um ensino não pautado apenas na recepção, mas na
produção linguística.
Parte-se da ideia de
que o papel que os professores precisam estar preparados para exercer é bem
mais complexo e exige competências que precisam ser adquiridas com a
experiência da docência, dar continuidade a esta formação, buscando
completar-se como ser humano e profissional é mais que necessário. Como afirma
Leffa (2001, p. 341), a formação de um profissional “reflexivo, crítico,
confiável e capaz de demonstrar competência e segurança no que faz é um
trabalho de muitos anos, que apenas inicia quando o aluno sai da
universidade.”. Nesse sentindo, visando à prática crítico reflexiva para o
ensino de línguas, o perfil do profissional de línguas estrangeiras é então
constituído pelas competências características deste profissional, por sua
capacidade reflexiva, pelas relações sociais em suas organizações de trabalho,
por seu contexto de aprendizagem e de ensino, e por suas experiências. Assim,
de acordo com Leffa (2001), diversos fatores influenciam o perfil do professor
de língua estrangeira tais como: o trabalho das associações, os projetos das
Secretarias de Educação, os programas de incentivo à capacitação, leis e
diretrizes.
Conforme enuncia Leffa
(2001), o professor em pré-serviço de LE deve se formar a partir de um perfil
que seja reflexivo, crítico e comprometido com a Educação:
“A formação de
um professor de línguas estrangeiras envolve o domínio de diferentes áreas de
conhecimento, incluindo o domínio da língua que ensina, e o domínio da ação
pedagógica necessária para fazer a aprendizagem da língua acontecer na sala de
aula. A formação de um profissional competente nessas duas áreas de
conhecimento, língua e metodologia, na medida em que envolve a definição do
perfil desejado pela sociedade, é mais uma questão política do que acadêmica.”
(LEFFA, 2001, p. 334).
O que se pode observar,
a partir dos pressupostos do pesquisador, é uma distinção do trabalho realizado
por um professor reflexivo, crítico e comprometido com a educação, em relação a
um professor que estivesse treinado para conduzir atividades e não para
construir conhecimentos, e como resultado a esta construção, produzir novos
significados. Ainda, neste mesmo prisma, Leffa (2001) acrescenta que as
associações de professores de LE, além de promover ações conjuntas entre os
associados, podem também agir junto às autoridades educacionais e
governamentais, possibilitando certos subsídios para determinados projetos
políticos na área da Educação.
Em relação ao ensino de
língua inglesa, especificamente, de acordo com Leffa uma das questões mais
importantes que vem sendo bastante destacada é a multinacionalidade desta
língua, que a torna ainda mais importante na atualidade. Leffa (2001, p. 343)
destaca que o inglês, além de ser a língua mais estudada do mundo é também
usada em mais de 70% de publicações científicas, é a língua das organizações
internacionais e não tem fronteiras geográficas. Além de ser a língua oficial
de 62 paises, é a língua estrangeira mais falada do mundo, havendo dois
falantes não nativos que a usam para comunicação para cada falante nativo.
Nessa realidade é urgente um novo paradigma de ensino de língua estrangeira,
capaz de abranger essa natureza multinacional. Para que esse paradigma seja
possível algumas prioridades devem tomar ação, dentre essas prioridades Leffa
destaca três: 1- ensinar a variedade local da língua multinacional; 2-
ensiná-la para produção; 3- ensiná-la para objetivos específicos, ou seja,
enfatizando suas funções.
Leffa conclui esse
artigo assentando que todos – professores alunos e a escola – transmitimos
valores políticos, por isso os professores em formação “precisam aprender que o
desenvolvimento – individual, da comunidade e do país – depende da habilidade
em conduzir negociações nas novas relações de poder que se estabelecem com o
uso da língua estrangeira.” (LEFFA, 2001, p. 354)
Dessa maneira, mesmo
que esse artigo já esteja “vencido” na visão da pesquisa por datar de 2001 e
estar a quase 12 anos de distancia da realidade cientifica de formação de
professores de hoje, muito ele é relevante por contribuir para o
desenvolvimento da visão e compreensão de que o acontecimento da formação de professores de língua inglesa
deva ser um momento de criação e não de mera reprodução de
conhecimentos/teorias, e, inclusive, um espaço que possibilite a construção de
visão de mundo e de significados sobre o valor de ser professor de inglês.
olá! a minha resenha está no meu blog: http://2012alelessa.blogspot.com.br
ResponderExcluirum abraço para todos,
alessandra lessa