sábado, 5 de maio de 2012

Resenha II - Larissa Neves

LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEFFA, V. J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras: constituindo a profissão. Pelotas, 2001. v. I. pp. 333-355.
Por Larissa Neves


Vilson J. Leffa, em seu artigo “Aspectos Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras”, discorre sobre como os aspectos políticos afetam (ou deveriam) afetar a formação do professor de língua estrangeira, focando, principalmente nos professores de língua inglesa.
De acordo com Leffa, há uma diferença relevante entre treinamento e formação, sendo essa sua premissa para o decorrer de seus argumentos. Treinamento pode ser visto com o objetivo final imediato, ou seja, busca resultados em curto prazo. Como exemplo, Leffa apresenta o treinamento proposto por escolas particulares com a finalidade de ensinar o professor a manusear o material; tem por objetivo um resultado imediato, uma vez que, trocado o material, haverá novos treinamentos.
No que diz respeito à formação do professor, Leffa é mais crítico. A formação deve ser a preparação para o futuro, ou seja, é vista como um processo contínuo, no qual, o professor deve estar sempre disposto a atualizar-se de acordo com as necessidades do mundo. É levada em consideração, na concepção de formação apresentada por Leffa, a problemática encontrada pelas universidades como principal agente formador dos professores – sabe-se que, na grande maioria, as universidades não são capazes de formar plenamente seus alunos.
Nesse sentido, Leffa pontua mais especificamente em relação ao professor de língua inglesa. A língua inglesa, apresentada no artigo como multinacional é a língua na qual 70% das pesquisas cientificas são publicadas, dessa maneira, levando à imensa procura  por parte tanto dos alunos que decidem cursar essa língua multinacional, ao invés daquela que realmente gostam, devido ao mercado de trabalho.
A perspectiva apresentada por Leffa é preocupante, já que realmente há muitos profissionais incapazes justamente pelo fato de não apreciarem o seu objeto de trabalho, no entanto, sabe-se que essa é a realidade atual trazida pelo capitalismo, não é incomum, por exemplo, vermos estudantes de medicina exercendo a profissão pelo simples fato do alto salário – vale mais o montante no final do mês do que trabalhar com aquilo que realmente nos move.
No artigo “Aspectos Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras” Leffa aborda vários aspectos importantes e muito atuais existentes na formação de um professor. Acredito que, ao refletirmos a respeito de tais temas como a função crítica do professor e o porquê de sermos levados pela onda do capitalismo, estamos ampliando nossos horizontes e, consequentemente, a nossa formação como profissionais. É importante ressaltar, no entanto, que tal modelo de professor apresentado por Leffa no artigo citado, encontra sérias dificuldades no atual sistema educacional brasileiro já que, as possibilidades ofertadas pelas escolas (a LDB não é levada em consideração aqui, pois apesar de ser muito boa em teoria, na prática existe de forma muito sutil) não pesam para o lado do exercício da criticidade tanto por parte do professor quanto do aluno. 

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