Por Larissa Neves
Vilson J. Leffa, em seu artigo “Aspectos
Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras”, discorre
sobre como os aspectos políticos afetam (ou deveriam) afetar a formação do
professor de língua estrangeira, focando, principalmente nos professores de língua
inglesa.
De
acordo com Leffa, há uma diferença relevante entre treinamento e formação, sendo
essa sua premissa para o decorrer de seus argumentos. Treinamento pode ser
visto com o objetivo final imediato, ou seja, busca resultados em curto prazo. Como
exemplo, Leffa apresenta o treinamento proposto por escolas particulares com a
finalidade de ensinar o professor a manusear o material; tem por objetivo um
resultado imediato, uma vez que, trocado o material, haverá novos treinamentos.
No
que diz respeito à formação do professor, Leffa é mais crítico. A formação deve
ser a preparação para o futuro, ou seja, é vista como um processo contínuo, no
qual, o professor deve estar sempre disposto a atualizar-se de acordo com as
necessidades do mundo. É levada em consideração, na concepção de formação
apresentada por Leffa, a problemática encontrada pelas universidades como
principal agente formador dos professores – sabe-se que, na grande maioria, as
universidades não são capazes de formar plenamente seus alunos.
Nesse
sentido, Leffa pontua mais especificamente em relação ao professor de língua inglesa.
A língua inglesa, apresentada no artigo como multinacional é a língua na qual
70% das pesquisas cientificas são publicadas, dessa maneira, levando à imensa
procura por parte tanto dos alunos que
decidem cursar essa língua multinacional, ao invés daquela que realmente
gostam, devido ao mercado de trabalho.
A
perspectiva apresentada por Leffa é preocupante, já que realmente há muitos
profissionais incapazes justamente pelo fato de não apreciarem o seu objeto de
trabalho, no entanto, sabe-se que essa é a realidade atual trazida pelo
capitalismo, não é incomum, por exemplo, vermos estudantes de medicina
exercendo a profissão pelo simples fato do alto salário – vale mais o montante
no final do mês do que trabalhar com aquilo que realmente nos move.
No
artigo “Aspectos Políticos da Formação do Professor de Línguas Estrangeiras”
Leffa aborda vários aspectos importantes e muito atuais existentes na formação
de um professor. Acredito que, ao refletirmos a respeito de tais temas como a
função crítica do professor e o porquê de sermos levados pela onda do
capitalismo, estamos ampliando nossos horizontes e, consequentemente, a nossa
formação como profissionais. É importante ressaltar, no entanto, que tal modelo
de professor apresentado por Leffa no artigo citado, encontra sérias
dificuldades no atual sistema educacional brasileiro já que, as possibilidades
ofertadas pelas escolas (a LDB não é levada em consideração aqui, pois apesar de
ser muito boa em teoria, na prática existe de forma muito sutil) não pesam para
o lado do exercício da criticidade tanto por parte do professor quanto do
aluno.
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